quarta-feira, 8 de junho de 2011

Budô – Uma breve Introdução

Leon Maximiliano Rodrigues
Para falar sobre uma linha de trabalho e suas características, talvez a melhor forma seja falar sobre suas influências. Assim, sabendo a origem e a forma como se formou, fica mais fácil saber por que o estilo, linhagem ou escola apresenta determinada característica ou forma de trabalho.
No que diz respeito ao nosso trabalho, várias e diferentes são as influências, considerando os diferentes Sensei e modalidades com as quais estabelecemos alguma interação como aluno ou na forma de intercâmbio. Entretanto, dentre todas as influências, duas constituem a base do nosso trabalho, sendo ambas linhagens do Karatê-Dô Shotokan: Karatê Tradicional e Karatê Jiyu-Dô Ryu.
Ambas as linhagens possuem forte característica marcial, ou seja, ao contrário da maioria das linhagens e estilos, que se converteram em mero esporte de competição, estas buscam uma prática mais ampla, tendo o esporte como parte do treinamento. Isso que dizer que, além do desempenho desportivo, buscam o melhoramento físico e do caráter, visando a inserção em uma sociedade. E essa é a essência das artes marciais, que, antes de qualquer coisa, surgiram e serviram como um estilo ou meio de sobrevivência num tempo em não existiam sistemas legais e jurídicos para proteger o indivíduo, e a lei da força e da palavra imperavam.
É importante ressaltar que não existiam federações ou associações de artes marciais. Praticamente não existiam divisões. Existiam culturas distintas que se expressavam por técnicas e sistemas próprios. Mas, o contato entre mestre e praticantes de diferentes sistemas e localidades era constante. Isso era importante e estimulado, pois essa troca possibilitava o melhoramento do sistema praticado. Assim, aprendia-se novas técnicas, exercícios e estratégias.
Achamos que o atual enfoque quase exclusivo no treinamento para competições vem causando uma “erosão” técnica e filosófica nas linhagens de artes marciais. Essa preocupação já era expressada por Jigoro Kano e Gishin Funakoshi, quando incluíram o termo “dô” (caminho, nu sentido filosófico) no nome que adotaram para seus respectivos sistemas (Judô e Karatê-Dô, respectivamente). As competições restringem a prática das artes marcials, através de suas regras, a uma pequena fração dos recursos técnicos e estratégicos contidos num sistema. Também perdem, parcialmente, seu principal papel, que é a inserção do indivíduo no coletivo social.
Nas próximas postagens vamos falar sobre as artes marciais, desde a sua origem até o momento atual, desenvolvendo o exposto acima. O objetivo é mostrar nosso trabalho no Karatê-Dô. Mas, também buscaremos dar uma visão abrangente das artes marciais.

Oss.

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